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Direitos Humanos, Maconha

Willie Nelson, o vovô country do beck

A lenda da música carrega outra fama bacana: é um dos porta-vozes dos maconheiros da América

Willie Nelson e seus camarões. Foto: High Times
Cynara Menezes
10 de maio de 2015, 14h47

A lenda da country music Willie Nelson carrega outra fama bacana: é um dos porta-vozes dos maconheiros da América. Em seu novo livro de memórias, It’s a Long Story, lançado esta semana, o cantor mais uma vez exibe o enorme entusiasmo pela erva e conta detalhes de como fumou um beck no telhado da Casa Branca (olhaí, mesmo com todo o THC no organismo, é o terceiro livro em que ele LEMBRA o passado. Hahaha).

Foi em 1977 e Nelson havia acabado de sair de uma temporada na prisão por posse de drogas. Ele já havia tocado no assunto em ocasiões anteriores, a última delas numa entrevista à CNN em maio de 2012. Não ficou com medo de ser pego ao fumar maconha ali?, a repórter pergunta. “Eu deveria!”, ele ri.

No livro, que está sendo apresentado como sua autobiografia definitiva, Nelson conta que havia sido convidado à Casa Branca por Jimmy Carter, que queria lhe agradecer pessoalmente pelo apoio na campanha presidencial. Após o jantar, alguém da própria Casa Branca (ele não diz quem) o teria convidado a subir no telhado para ver as estrelas na noite de Washington e… apresentou um baseado ao cantor, que, claro, não recusou. (Na entrevista à CNN, Nelson tinha dito que ele mesmo enrolou o beck antes de subir lá.)

“Ficar chapado no telhado da Casa Branca inevitavelmente faz você ficar introspectivo. Certas questões filosóficas vêm à mente, tipo: caralho, como é que eu consegui vim parar aqui?” (no original, “How the fuck did I get here?”). Hoje com 82 anos, Nelson defende a descriminalização da marijuana há décadas, e é membro atuante do NORML (National Organization for Reform of Marijuana Laws).

Ex-alcoólatra, Willie se diz grato à maconha como a um velho amigo. “Eu não poderia trair a maconha, assim como não poderia trair um membro da minha família ou um amigo da vida toda, porque a maconha nunca me traiu. Ao contrário da bebida, a maconha nunca me fez ficar violento ou desagradável, e, ao contrário da cocaína, a maconha nunca me acelerou ou deixou meu ego descontrolado.”

roll

Seu primeiro livro de memórias levava o sugestivo nome de Roll Me Up and Smoke Me When I Die (algo como “bole-me e me fume quando eu morrer”) e foi lançado três anos atrás junto com a canção homônima. O livro foi um sucesso e logo chegaria à lista dos dez mais vendidos do New York Times. A canção tem a participação de Snoop Dogg (outro que afirma ter fumado um beck na Casa Branca) e Kris Kristofferson).

Na época, ele declarou: “Não acho que a maconha tenha tido nenhum efeito colateral que realmente tenha sido prejudicial a mim”.

Em abril deste ano, o artista ervoafetivo veio com a melhor das notícias para seus fãs que curtem a ganja: vai lançar uma marca própria de maconha nos Estados Unidos, a Willie’s Reserve. O cantor afirma que ele próprio irá testar cada uma das variedades produzidas antes de colocá-las à venda (que sacrifício!) antes de dar seu selo de qualidade. “Vou me certificar se é bom ou não será colocado à venda”, garantiu Nelson à revista Rolling Stone. O negócio incluirá lojas com cardápio mostrando os tipos de maconha disponíveis. “Logo a maconha será legal no país inteiro, é uma questão de tempo. Sinto que comprei tanta maconha que é a hora de vender um pouco!”

Nos Estados Unidos, a maconha para uso medicinal é liberada em 24 Estados e em quatro deles também para uso recreativo (Alasca, Colorado, Washington e Oregon). A previsão dos especialistas coincide com a de Nelson: nos próximos cinco anos, outros 14 Estados terão legalizado a maconha para uso recreativo. A marijuana é, além de tudo, um negócio lucrativo.  É a indústria que cresce mais rápido nos EUA e poderá se tornar maior até do que a indústria de comida orgânica. Segundo um informe recente, entre 2013 e 2014, o mercado da cannabis no país cresceu 74%: passou de U$1,5 bilhões para U$2,7 bilhões.

O ano “verde” de Willie Nelson não ficaria completo sem um novo hit dedicado à maconha, um dueto com outra lenda do country, Merle Haggard, 78: It’s All Going to Pot. No vídeo, os dois amigos cantam e fumam um baseado juntos. Esses vovôs não são palha, não.

Enquanto isso, no Brasil… Tsc, tsc, tsc.

 


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(2) comentários Escrever comentário

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José de Oliveira Luiz em 24/07/2020 - 07h56 comentou:

Enquanto isso no Brasil arbitrariedades cometidas por autoritários truculentos prepotentes covardes sórdidos torpes vis.
Milhões de veículos automotores fazem queima química e chuva ácida diariamente.

Responder

Zeni Gonçalves em 23/12/2020 - 16h09 comentou:

Enquanto isso no Brasil a bebida alcoólica e a direção mata mais doque o câncer

Responder

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